Essas coisas da vida, assim sem mais... Recordando, rabiscando pensamentos, divulgando uma coisa ou outra, uma notícia qualquer. Divagando as chatices necessárias, falando besteira, rasgando seda, afogando tristezas, abanando brasa e falando de coisas alheias. Nos dias de tédio, uma página em branco. Dias de páginas em branco nem sempre é tédio. E, qual é o remédio? Ser aleatório e maciço, pois de gente quadrada e oca o mundo já está farto.











terça-feira, 30 de agosto de 2011

Há gosto em minha vida

Há tempos que gosto de olhar pelas janelas de mim,
paisagens distantes em cores tratadas pelo tempo.
Daquelas aquarelas de tardes tranquilas, arco-íris e montanhas de memória 
sob a árvore de flores passageiras.
Guardo feliz na lembrança, em doçura e sonhos pueris,
em certezas e amanhã de planos, desses que um dia darão certo.
Foi quando a venda noturna se esvaiu dos meus olhos e 
me trouxe à vida no clarão dos dias de agosto.
Cabem ventos de inverno, dança das folhas ao chão e 
as margens do Cachoeira, coloridas como prévia primavera.
É quando o sopro das velas que compõem o bolo de surpresas
traz consigo boas notícias, novas esperanças e esperas.
Felicidade de menina que floreia seus contos,
amor de menino que me carrega, menininha e estrela, no peito.
É muito maior que qualquer adversidade ou acaso de não ser
porque sempre foi o que se é, e sempre será amor em mim.
Da herança leonina deixada por minha mãe, gosto de ser dona da minha história, deixar em cada cantinho vestígios meus.
Ventura de sentir um gostinho especial de vida e flor onde muitos só sentem dissabor,
só porque é Agosto...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Crônica de junho passado

A que me deve falar de junho passado somente agora?
Talvez pela impossibilidade do acesso, por ter ficado"sem rádio e sem notícia da terra civilizada"  nesses dias.
E que importância tem o mês que acabou de ser arrancado da folhinha?
É porque são muitos os ensejos contidos no contexo de seus 30 dias, e eles fazem toda a diferença em minha vida.
Começando pelo nome, que deriva de "Juno", deusa do panteão romano, filha de Cronos e Reia. Está relacionada com a representação da força feminina, da fertilidade, do casamento e da fidelidade conjugal. 
Tendo a Sra. Olimpo tanta responsabilidade no que diz respeito à uniões conjugais, vem Santo Antônio como parceiro, para fazer valer todas as velas que são acendidas no dia 13, como uma esperança aos que passaram o dia 12 sem companhia.
É um período de datas importantes, como o dia mundial do meio ambiente, da liberdade de imprensa, da língua portuguesa, da marinha do Brasil, do cinema brasileiro, do pescador e até dia nacional do progresso! 
É, muita gente não sabe...
Foi quando Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas e também quando os Beatles lançaram "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band". Outros tesouros musicais também surgiram nesse período, e se a gente canta com Raul Seixas, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Chico Buarque e Paul McCartney, é porque nasceram em um junho mais passado que o derradeiro. 
Enquanto Lampião comia macaxeira e reinava na seca do Nordeste, os fidalgos bebiam moët chandon e dançavam as valsas de Straus pelos salões da Europa, ambos frutos do calendário junino.  E quem se encanta com Exupéry, Fernando Pessoa, Sócrates e Suassuna também deve glórias à Juno.
Pelo riso que se faz em lágrimas, é preciso dizer adeus aos que nos deixaram no mês 6: Chico Xavier, Carl Jung, George Bizet, Nara Leão, Paulo Leminski, Camões, Mazzaropi, Ray Charles, Carlos Gardel, João Nogueira, Saramago e Chacrinha. Foram brilhar no céu... viraram estrelas no céu de São João! Salve São joão! E que viva sempre o seu festejo nas noites coloridas e mais belas do ano. Salve o homem santo que nos dá o batismo.
Cabem nos festejos de junho a comemoração  do dia universal de Deus e da renovação espiritual, e ainda dia para São Pedro e São Paulo. E foi em São Paulo que nasceu Clarice Ribeiro, no dia 21 de junho. Ela se tornou mãe, teve um filho chamado Ivan. Vieram morar na Bahia, não sei em qual data, só sei que tinham mesmo que chegar aqui!
É que em 2010 Ivan e eu precisávamos nos encontrar nessa vida. O amor nos esperava num encontro marcado para o mês de junho, no mesmo dia 21 da sogra. No mesmo dia do solstício que dá início ao inverno para nós do hemisfério Sul. Dia do yoga, do aperto de mão, da mídia do intelectual e de São Luis Gonzaga, patrono da juventude. Dia que vieram ao mundo Alexandre, o Grande, Jean-Paul-Sartre, Benazir Bhutto, Nelson Gonçalves e Machado de Assis, sendo esse último um "quase" padrinho do nosso enlace. Não só por conta de nossos encontros atrapalhados, mas também por essa série de simbolismos e datas, dignas de um conto machadiano. Acho que era também porque eu estava a ler Dom Casmurro quando nos conhecemos. E também porque era junho, e, é claro, porque tinha que ser!



"Não se luta contra o destino; o melhor é deixar que nos pegue pelos cabelos e nos arraste até onde queira alçar-nos ou despenhar-nos. "       
                                                                                            (Machado de Assis)

PS: do dia 15/06/2011 foi  dia do eclipse total da Lua.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Memórias de fogueiras e bandeirolas


"Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
- Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
- Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente."

(Profundamente, Manoel Bandeira) 



Onde estão as noites de São João?
Onde ficaram guardados os trajes de chita, os chapéus de palha,
as fitas coloridas?
Corações de crepom, bandeirolas ao vento,
a saudade mora nas fagulhas que rumam ao céu.
Doravante, será o "cordel dos esquecidos", no "arraiá dos deletados".
Sem eira nem beira, as memórias de fogueiras queimam solitárias,
acesas nos quintais da lembrança.
A ciranda das crianças dorme cedo, e virou tudo do avesso:
caipira agora é country; nem bombinha, nem traque, pois a pólvora já "bufou".
Feliz daquele que escutou o som de uma sanfona nesse São João.
Glória ao homem Santo que vive em meu coração,
profundamente...

                              


quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…

E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…


Alphonsus de Guimaraens




Não sou Ismália mas confesso que a lua de hoje me fez lembrar das escadas que me levam à minha torre.
São as mesmas que, quando acompanhada, já puderam também me levar ao céu.
Reflexos atiçam ao mergulho e vem ter comigo, mais uma vez, a recordação:
Da janela vê-se a lua, do colchão ouve-se o mar, e eis um par de almas que se habitam no instante.
Do resplandecer da lua ao canto do mar, somos cúmplices do acontecido.
O céu estava enluarado, o mar jogava agitado,
e então, fez-se o nosso amor.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Corridinho

 
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.





Adélia Prado


 

Em homenagem ao mês em que me descuidei.
O amor me pegou,
me comeu,
me molhou toda.
Mas me mostrou que água ele não é!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

E começa um mês cheio de boas histórias...

"A beira da sua anágua na poça d'água molhou
Ao chover de madrugada é o dia que chegou
Na sola do seu sapato mina água, nasce flor
É o canto do desejo, é um cheiro de amor

De maré, devagar
Se eu sou um voyager
O que eu sinto por você
Só você sabe o que é
Não precisa mais falar
Quando a história começa
É quando ela acabar"
                                                       (Acaba Quando Começa / Saul Barbosa)

Tudo que faço, canto, danço, represento ou escrevo é vitrine do que sou.
Tudo que mora em mim precisa, às vezes, passear pelo mundo à fora.
Quero narrar a minha canção de amor e vida pelas entrelinhas deste muro virtual.
Quero falar do mês que hoje se inicia, seus festejos, seus santos, seus olhares e seus enlaces.
O vento de maio soprou pra mim o sentimento em forma de mês, me trouxe o frio de junho, e um grande amor para me aquecer.
Aqui começa uma estrada que não tem mais fim...




quarta-feira, 25 de maio de 2011

Céu de maio




Um risco de pólvora dá vida ao pavio da lembrança e na distância do que já vivi é que mora a memória.
Em mim mora o dom de ser menina, de ser criança, junto à cisma de não deixar ir embora o pretérito das minhas cantigas.
 A florida da estação me remete a outonos de outrora, tempos de ser protagonista de sonhos, narradora de emoções, dias em que reinava no mundo mágico.
Merecia até ser princesa ao fim da tarde, quando sentava sobre os joelhos para ver o sol, em despedida na moldura da janela.
No instante do agora é a aurora que me chama pelas frestas. Ainda protagonizo sonhos e narro emoções, continuo a transitar pelo mundo mágico do meu ser.
Quando em vez, espio pela janela. Não mais aquela, agora a do andar de cima. Espreito o céu de maio, crépúsculos e opúsculos, procuro os mesmos raios de sol. Procuro a mim e me acho.
Encontro em mim um espaço, o que era, o que sou.
Eis-me eu, difusa pelo vento.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Nó de eu"

Escrever é preciso, mas não é o meu ofício.
Por isso, as páginas em branco ao longo dos dias.
Por isso também que perco no quesito "talento",
que não impressiono tanto quanto gostaria.
É que tem dias em que eu só queria ser livre,
ainda que fosse de mim mesma.
Antes fosse apenas o céu de maio,
suas nuvens, pingos d'água, tons de cinza.
Tento ver o que vem além, mas quem volta
pela estrada nada me diz, e quem me acompanha
às vezes esquece o caminho ou, quem sabe,
ainda trilha por outros rumos.
Já não sou mais superfície: atirei-me nas águas do tempo
e repouso no fundo. No movimento das águas eu
vivo. Sou pedra, serei pó, por vezes só.
Por hora, um "nó de eu".
Eu queria saber o que nos espera, o que me reserva a próxima
estação. Um calor no coração? O vento de maio se faz
monção. Emoção era o que queria, mas hoje sou
apenas a saudade das folhas
que o outono tem
levado.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Lembrança de primavera


Minha saudade      [já é primavera e são 26]

Tal como seda sobre o colo,
Minha saudade pousa para a foto.

É pérola minha solidão.
Meu corpo de ostra. Numa solidão de pérola arrasta em si olhos, uma multidão, seu branco em metal.

Grita num escândalo britânico por teu seio.
Minha saudade estaciona no centro do peito, e fica ali. É pérola.

É pérola e quer cair, quer subir, quer fundir-se a ti, meu amor.


Ivanzinho

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Resumo da ópera

"Era tão gozado, era um trio elétrico, era fantasia, escola de samba na televisão
Cruz no fim do túnel, becos sem saída, e eu era a saída, melodia, meio-dia, era o que dizia:
Eu sou neguinha?"


Povo do Brasil, dou bom dia à falta do que fazer, do que comer e do que pensar.
Hoje acordei do avesso, de saco cheio da mesmice televisiva.
Corro da tv do quarto para a tv da copa ou para a do vizinho, e em terreno dos outros a notícia é a mesma: tiro, furto, torpe vingança, sangue espalhado...
Mas há também quem dê seu sangue pelo trabalho, só que há também quem goste mais de saber da sobremesa, do "samba, suor e cerveja" [que beleza hein!?].
Fecho os olhos e calo a boca, não há o que dizer. Ontem pensei até em escrever para uma certa emissora, motivada pelo assombro pessoal que, em particular, me agride o brio, o ego, o self, sei lá!
Espantei-me ao ver, em uma novela e dois seriados seguidos, fazendo papel de heroinas, mulheres que sustentam namoros com homens casados, que os fazem humilhados ao se retratarem por não estarem com elas no jantar da empresa.
E mais uma vez, sobremesa! Pois é, hoje em dia mulher pra ser moderna tem que virar sobremesa de homem casado, e Deus me livre desse fardo! Prefiro morrer no anonimato, curtindo minha pré balzaquianice muito bem acompanhada, com o MEU [sim, com este tom de possessiva mesmo] e não o dos outros.
Vem então notícias da baderna, quer dizer, governo. Vergonha!
Raramente eu converso sobre política, pouco me interesso saber.
"Ah, você precisa ser uma mulher informada, política é importante".
Qual? Política de privacidade, política da boa vizinhança, política do relacionamento?
É que tenho uma preguiça dessas coisas, sabe?
Planalto Central poderia se chamar "Centro de Diversão" ou, sucintamente, "Picadeiro", com a sua "política de pão e circo" carinhosamente destinada à pova e ao povo brasileiro.
Quanto a isso, sou rápida e certeira, anarquizo bonitinho com os meus seguidos votos nulos, muitíssimo bem empregados já que nenhuma das opções de voto me agradam. Falta de opção não é opção.
Eu digo NÃO! Muito grata pela esmola eleitoral, a minha moral não depende  dos excesssos de promessas e falta de compromisso desses palhacinhos.
Ser moderna, patriota? Ah, nem o Zé Carioca aguenta mais!
Em Disneylândia tupiniquim, quem tem bom senso é rei.

Obs: além de não ter gostado do que vi na TV eu também levantei com o pé esquerdo. Deitei do outro lado da cama essa noite, e por sinal, tive um sonho estranho, uma voz me dizia assim: "Enterre os mortos, feche os portos e cuide dos vivos."

Eu estou viva.
Alguém está vivo aí?

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Música baiana, em estado de imbecilidade

Acabei de ler no meu email:



Pagode baiano usa expressões chulas, palavrões que são reproduzidos por crianças, adolescentes e jovens, e que empobrecem a cultura e reforçam a idéia de um estado analfabeto.
Quando alguém pronuncia a palavra analfabetismo na Bahia, e se essa declaração parte de um acadêmico, branco ou da elite, parece tratar-se de racismo, discriminação e ódio.

Quando dizem que o som do berimbau é simplório, e que qualquer um pode reproduzi-lo sem maiores conhecimentos instrumentais, por possuir apenas uma corda, logo diriam, é mais um que odeia as raízes baianas, suas influências e sua cultura. Isso já ocorreu na Bahia e deu muito pano pra manga.

E quando dizem que a música baiana está cada dia pior, e que o pagode não passa de mais um sonoro palavrão multiplicado por milhares de incautos, ignaros e estúpidos, certamente repetiriam, trata-se de mais um a ver-nos como sub raça, desinformados e inconformados.

Pois é. E quando essa declaração parte de um pardo, de origem negra e indígena, e que cursou apenas o segundo grau? Aí, certamente dirão, trata-se de um oportunista, um comunicador frustrado ou de alguém que não conseguiu galgar os seus objetivos.

Pois bem, esse rodeio, meio despretensioso, mas importante, é para falar do grau de imbecilidade a que chegou a música baiana, principalmente ao pagode aqui produzido e consumido. Não falo do Axé, que apesar da mesmice, não usa palavrões nem ridiculariza a Bahia como Estado analfabeto.

Como estudei numa das escolas mais influentes da Bahia, principalmente nos anos 50 e 60, o Colégio Central, participei da coletânea poética em homenagem ao sesquicentenário da instituição, fiz teatro e poesia nas ruas de Salvador, pronunciar algumas palavras (ões) e gestos obscenos da música baiana é assinar embaixo aos que dizem da Bahia no Brasil afora, a de que é um povo mal educado, e que só gosta de balançar o bundalelê.

E vendo de perto, em algumas coberturas jornalísticas Bahia adentro, chego a interrogar-me quanto às minhas origens. E chego a duvidar que tivemos em nosso berço um Raul Seixas, um Castro Alves, um Wally Salomão, um Jorge Amado – que mesmo produzindo alguns palavrões, nunca foi um turpilóquio, e tantos outros que enalteceram e alguns que ainda enaltecem e fazem lembrar que tínhamos uma cultura.

Mas, quando vou ao Campo Grande, e ouço Caetano Veloso dizer que Xanddy é lindo e que ele é uma das novas expressões culturais da Bahia chego a duvidar que sou baiano de verdade, daquele que comeu tripa seca e farinha de rosca pra não morrer de fome. E acho Caetano uma das maiores expressões da música mundial, apesar de requentar vez ou outra alguma música que no passado foi considerada brega.

Aí me conformo e vou ouvir um pouco de Xangai, onde, entre as suas pérolas, fez o ABC do preguiçoso, que endossa a tese dos sulistas de que o baiano só é gente até o meio dia. E então o que será o baiano durante a tarde? É uma legião de trabalhadores, cujo estigma de preguiçoso foi amplamente difundido pelos meios turísticos, uma forma de falar da tranquilidade, da “maresia” e do sossego baiano.

O saudosismo aflora e me remete à década de 1980. Lá, até 1985, os shows em Salvador, no projeto verão, no Centro de Convenções da Bahia, eram bastante disputados. No palco, Gil, Caetano, Milton, Beto Guedes, Barão Vermelho e tantos outros que arrastavam multidões. Na Barra, shows com Morais Moreira, Luis Caldas e Armandinho com A Cor do Som, encantavam e lotavam a praia.

Retorno ao meu trabalho de coberturas de eventos com música baiana, e lá, estampada em minha frente, uma multidão de 20, 30 mil pessoas numa avenida. As meninas, os meninos, dançam como se tivessem sido libertados naquele instante. Mais parece um balé de zumbis, daquele extraído dos filmes de terror das décadas de 70 e 80. Ou então em um orgasmo coletivo, algo do tipo promovido César ou qualquer outro Calígula da nossa imaginação.

E em uníssono, eles repetem as frases, os refrões e fazem todo o gestual obsceno para completar o enredo empobrecedor. E o vocalista da banda grita, berra e pede para que todos ecoem aos quatros cantos; “Aponte o corno aí, diga que é corno”. E todos riem, como num circo, mas deveriam chorar ao debruçar a cabeça no travesseiro.

A grande maioria desempregada, deseducada e pobre. Desiludida pela face cruel do ensino que lhes oferecem nas escolas públicas, entregam-se aos bailes horrendos como se fossem a última ópera da vida deles. E se entregam de corpo e alma à missão.

Os maiores patrocinadores da música baiana no interior são as prefeituras, que gastam somas vultosas em festas, micaretas, aniversários e inaugurações, contratando bandas que em nada enriquecem a cultura popular, em detrimento do folclore, das raízes de cada cidade e de sua história. E lá se vão tubos e mais tubos de dinheiro público pelo ralo.

E voltam para casa sem saber um verso de Vinícios de Morais, sem ter-se envaidecido em ser brasileiro ao ouvir Pixinguinha, em ter-se delirado com os versos não menos preguiçosos de Dorival Caymi, em ter-se deleitado à sonoridade de Bethania e Gal, ou ter-se maravilhado ao som poético de Gilberto Gil. “Esses moços, pobres moços, a se soubessem o que eu sei”, disse Lupicínio Rodrigues em uma de suas canções imortalizada na voz de Gilberto Gil.

E aí vão me perguntar o que tenho feito para mudar o que já está construído. Nada. Sinto-me impotente. Apesar de radialista de profissão, jornalista por paixão, não consigo convencer ninguém do contrário. A música baiana vai continuar tocando assim durante muito tempo. Mas um dia acaba. Lutar contra o mercado é muito difícil. É uma máquina de fazer dinheiro a qualquer custo. E ninguém está preocupado com a educação, com a cultura, com o folclore. A mídia baiana enaltece, enobrece, escancara esses palavrórios como deuses. Até que duas meninas aparecem decapitadas numa esquina qualquer. De quem é a culpa?



Vanderley Soares
radialista/jornalista DRT 5892
Editor do Jornal Gazeta dos Municípios/Alagoinhas-Ba



domingo, 10 de abril de 2011

O que me faz cantar - Geraldo Azevedo


Sublime emoção ao vê-la assim. Salve os que
são da Lua, e que ela esteja sempre
crescente dentro de nós. 

O claro de estrela de luz cristalina
No arrebol ao longe anuncia
As cores do dia que está pra chegar
Um raio de sol na flor pequenina
Reflete a grandeza do seu criador
Que vem com certeza trazendo o amor

Vem amar,vem amar
Vem ver o que é bom
Vem amar,vem amar
Vem ver o mundo todo clarear

Abrindo a cortina,mostrando a paisagem
A nossa viagem não vai acabar
Que seja infinita enquanto é verdade
A realidade que me faz cantar
E na correnteza o segredo da vida
A fonte do tempo não pode secar
O seu movimento nas ondas do mar
Na chuva,no vento,no meu pensamento
Numa semente a desabrochar
A força sublime do amor,vem amar

Vem amar,vem amar
Vem ver o que é bom
Vem amar,vem amar
Vem ver o mundo todo clarear

E no fim da tarde,a lua crescente
O sol no poente já vai se deitar
Vai girando a terra,é a natureza
É tanta beleza,que me faz cantar

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ex invidia!

Estive esses dias pensando nos padrões clássicos de comportamento, um deles é o da pessoa insatisfeita, para não dizer infeliz ou até mesmo invejosa. Os ataques de inveja são os únicos em que o agressor, se pudesse, preferia fazer o papel da vítima, uma vez que a pessoa invejada se encontra na condição desejada pelo sofredor . Usa de artifícios baixos, inconveniências, e abuso da bondade de outras pessoas como instrumento do seu prazer, como se isso compensasse a sua infelicidade. O tempo vai seguindo o seu curso, as pessoas vão passando por ele em busca do amor, da alegria, do bem estar, mas o invejoso não acompanha tal ritmo pois se encontra ocupado demais em avacalhar a vida do outro. Geralmente, são pessoas com dificuldade de aceitar a realidade, que não se desapegam das coisas que já passaram e vivem alimentando uma esperança de algo que não pode mais voltar, usando como subsídio a memória de páginas já viradas [que apenas ela não vê]. Li algo que se aplica perfeitamente a tal condição, e cabe a qualquer pessoa invejosa:

 "A vaidade e o orgulho, esses dois gigantes da imoralidade, filhos diletos do egoísmo, combinados proporcionalmente com a inveja, formam um trio de ferro corrosivo, uma espécie de três mosqueteiros às avessas. Um triunvirato repugnante e nauseabundo, espécie de tríade repulsiva e sinistra. Se nos consideramos mais merecedores do que o próximo, imaginando que seria mais “justo” que aquele objeto/pessoa fosse de nossa propriedade, essa fantasia traz consigo um ranço de origem, proporcionado pela inveja[...]
O invejoso não suporta ver um novato invadir espaços que ele, em sua santa indolência, deixou de ocupar por pura incompetência e comodismo. Se sente atingido, usurpado e se agarra, com unhas e dentes, ao espaço que ele acha que é seu e somente seu. Uma sutileza interessante, já que o homem pré-histórico, movido pelo instinto brutal, destroçava o seu algoz, a fim de se apropriar de seus pertences. O tempo passou, a evolução se processou como convém à estrutura das leis naturais, mas o princípio permanece o mesmo. O invejoso passa para o boicote, vai minando com fofocas e pequenas atitudes estrategicamente montadas, a fim de destruir a felicidade do próximo. Quer provar, ao menos para si mesmo, que o espaço é dele, e somente dele[...]" 

É muito triste a pessoa não ter objetivos, não ver em si uma razão para viver melhor. É triste a gente estar no caminho em busca da Luz, da Paz e do Amor e encontrar algumas pessoas fazendo o caminho inverso, em comunhão com sentimentos mesquinhos e querendo arrastar quem estiver por perto só para não sofrer sozinho. Eu desejo que haja mais amor dentro do coração, e não falo daquele amor "achando que sofrer é amar demais", e sim do amor próprio, do amor pelas coisas boas que existem. Sempre que noto a presença negativa da inveja rondando a minha felicidade, eu mentalizo ou até mesmo ponho em alto e bom som  uma música do Gonzaguinha, e dedico ela a todas as pessoas que agem em nome do bem e também àquelas que precisam trilhar mais por esse caminho:


Pode chegar que a festa vai é começar agora
E é prá chegar quem quiser, deixe a tristeza prá lá
E traga o seu coração, sua presença de irmão
Nós precisamos de você nesse cordão

Pode chegar que a casa é grande e é toda nossa
Vamos limpar o salão, para um desfile melhor
Vamos cuidar da harmonia, da nossa evolução
Da unidade vai nascer a nova idade
Da unidade vai nascer a novidade

E é prá chegar sabendo que a gente tem o sol na mão
E o brilho das pessoas é bem maior
Irá iluminar nossas manhãs
Vamos levar o samba com união
No pique de uma escola campeã

Não vamos deixar ninguém atrapalhar a nossa passagem
Não vamos deixar ninguém chegar com sacanagem
Vão 'bora que a hora é essa e vamos ganhar
Não vamos deixar uns e outros melar

Oô eô eá, que a festa vai apenas começar
(O homem falou) 




É isso aí, como eu sei que a inveja passou por aqui para dar uma olhadinha no que ando pensando, tenho a certeza de que o meu recado foi dado. E como eu também sei que ela ainda irá esperar de mim a reação que deseja, deixo um último suspiro, um grito de vitória sobre a pouca mentalidade, ou ainda, sobre a grande capacidade de não se bastar com o que se tem, com o que se é:

Nunca confronte com um idiota. Ele te leva ao nível dele e depois vence por experiência!



quinta-feira, 31 de março de 2011

Olhos de cigana

Os dias vão e vêm pelas soleiras, transcorrendo os pórticos da vida     
[da lida, das idas e vindas].
Me atiro em um abraço, divago pelo braço de mar que me obriga a ser malina, menina mimada, morosa.
É quando caio na rasura das minhas águas, quando torno-me rio e dona das minhas pedras, dona de mim, dona do céu, dona da Terra.
Então, penso em voz baixa: amar é como a maré, água de rio que corre pro mar: é quando o amor flui em mim.
Mas, seria eu aquela mesma de ontem?
E seria o tempo apenas um fio branco?
Digo que serei apenas o olhar que sempre fui, ainda que o tempo tinja a minha cabeça.
Sou somente o que cabe em mim e serei criança se encontrar palhaços no meu circo.
Sou rio e preciso rir; brejeira, jocosa, sou  riso e  olhar dissimulado, vejo pelos olhos dos que não têm visão.
Oblíqua de mim, carrego a imensidão no olhar e gosto de ver as ondas quebrando: é quando o sereno do mar me invade a alma.
[estou a contemplá-lo daqui das pedras]

"mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me"


Pedra do Rio, nascente de flor

Seja sempre como for
Tudo nasce do infinito
Morar dentro de uma flor
Sempre foi o meu destino
Em cada sonho coube
Tudo que foi preciso
Sei que todas as cores
Cabem em todos os sorrisos
E se chover deixa molhar
Deixa pingar a liberdade
Me molha a alma em pensamento
Me faz brotar felicidade


Me chama para um mergulho que me faço novamente em pedra
[só para viver mais uma vez em suas águas].


terça-feira, 22 de março de 2011

POR ISSO EM TEU RETRATO




Há na poesia algo de sentimental, algo de vida
Mas há também o causal, o contemplativo e o
Gasto das coisas materiais
[Por isso em teu Retrato]


Todos veem e têm contigo a procura de namoros.
Garotos horríveis. Belas Garotas. Garotos.
E o amor deles a fez refém, ao portão da velha casa.

Aos que procuram calor de ti, verão que cortes à faca
Cortam com certo de certeza. Metal e incisão.
Aos que procuram calor, também verão de ti o encardido dos panos.
Nódoas negras. Partos de saudades.

O portão que guincha à noite pousa pra retrato em revista chique.
Guincha Frio, na quarta de carnaval. Seu níquel envelhecido. Teu rosto.
Na manhã fria, ninguém vem ter contigo, demais o calor .
Na manhã fria é só o silêncio de teu corpo em pouso pro retrato obliterante.
Só um retrato é nada mais.
[O poeta e poema que digam o demais]


Ivanzinho

21 de março e suas 9 luas

"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza." (Neruda)

Se o meu amor é terra a tua
ausência é grama, minha saudade
reclama o seu cheiro de flor.
Fruta doce é o nosso amor, berço
de primavera, em manto de estrelas
e sol  no anil.
Canto a chuva pelos passos, alimento
do destino. Tenho fé no infinito, tempo
eterno e nossos laços.
Nove luas nasceram e se deitaram,
embarcaram na estação dos nossos dias.
[tu, eu e o amor que insiste em nós]

O tempo não passa, nós é quem passamos por ele. É bom quando o tempo nos mostra que os sentimenos também passeiam por suas avenidas, convidando-nos a dobrar suas esquinas. Não vou passando pelo tempo sozinha, vou de mãos dadas com o Amor, feliz pelos 9 ciclos de Lua presentes em nós.


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mundo mágico (e suas aparições no meu viver)

Mundo mágico. E eu, sendo quem sou, vivo por aí!


Quero o simples e assim quero ser cada vez mais. Quero não precisar do escambo humano da matéria, da batalha diária da troca pela moeda. Quero uma flor imperial como musa inspiradora, pra pintar um quadro perfeito, ornar com alegria a vida do mundo inteiro. Quero estrelas no céu a me observarem, manter o convite aberto a sempre visitar-lhes. Quero limpar o meu corpo com água do mar, e em meus pés, quiçá, as conchas brotar. Quero mais do ar que do ouro, mais da flor que do louro, busco o verdadeiro tesouro, quero o amor vindouro. No céu gira, oh Sol! E girassóis no chão, quero paz em mim e em ti pelo coração
Amor por inteiro, do interior pro ulterior, de nós a dispor o que há de sermos, seja o que for. Só não me olhe por fora; mergulhe-me adentro e saiba bem mais do que trago em meu alento. Lembre-se que o que se vê com os olhos é o que na Terra ficará, mas o que se guarda no coração é o que na Eternidade viverá.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Da janela do meu quarto

Seja rosa, camélia, azaléia ou edeweiss, seja a que brota
no meu coração selvagem, contanto que seja flor,
seja ela qual for.


Hoje nasceu uma vida na minha janela, a mesma da qual, em sentinela, espreito estrelas e luar. Flor é o seu nome e carmim é o seu grito de sangue que perfuma o meu mundo onírico e me ensina a sonhar. És o símbolo do poder por ter em si as cores dos dias, pelo seu despetalar em sentidos, pela sua presença na primavera, no amor e também nas despedidas. Pela sua passagem em meus sonhos de menina, ora Mab, ora Morfeu, que sejas também símbolo do sonho que morreu para dar lugar à realidade. Se amanhece, eu me desperto, me enterceço pelo rastro de dia que surge pela fresta, pelo convite a defenestrar-me em suas gotas de orvalho.

Na  flor da idade com os sentidos à flor da pele.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Olhando para trás eu vejo que...

Para curar nossas mágoas não precisamos gerar tristezas em outrem, também não é preciso lamentar o passado já que o futuro nos é bem mais promissor. Seria cômico se não fosse trágico a ridicularidade dos corações partidos e seria chato se um dia a paixão não acabasse para dar espaço ao amor. Ficaria feliz se pudesse rever a todos que amo e se a saudade volta e meia não batesse na minha porta, mas triste mesmo seria viver só de “flores”, pois estas quando  murcham, fedem e ficam feias. Palavras podemos profanar, gestos podemos dissimular, sentimentos, querendo ou não, apenas sentimos. É vivendo que se aprende, é correndo atrás que se consegue e é amando que se conquista (sempre!). No coração levo as mais doces lembranças, na memória vão algumas decepções e saber lembrar sem demais queixas é o divino merecimento. Tenho meus defeitos talvez até mais numerosos que minhas virtudes, mas tenho também os meus encantos e estes resistem à meia noite. Possuo também meus demônios e liberto-os a cada tombo. E quanto às trapalhadas da vida? Ah, estas ficarão na memória dos muitos pois são poucos os que sabem de fato os fatos. Tudo que já me aconteceu até hoje foi indispensável para eu estar onde me encontro no agora, a soma das alegrias e tristezas é o resultado do instante presente e a multiplicação dos dias é o produto do que vivo. É inerente ao ser humano querer dividir os sonhos (comigo não seria diferente). E o que seriam dos sonhos do agora se todos os sonhos do ontem tivessem dado  certo? Olhando para trás eu vejo que Deus sabe muito bem o que faz!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Recomeço, recomigo

Ontem eu decidi mudar o tempo, resolvi transformar as horas em centelhas deforça, fé e coragem. Acordei cedinho, levantei e vi o Sol às 6:00, sentei à mesa com as meninas da minha vida às 6:20 e meu amor saiu às 6:35 para o trabalho. Eu penso na vida e vejo felicidade nela, sinto o vento acariciar o meu rosto e me animo para o dia, mas também sinto que preciso produzir, engenhar, direcionar, dirigir, gerar algo, preciso "parir um filho" a cada instante. O movimento é importante, para a vida ter fluxo, fluidez. Tenho medo de ser igual a todo cidadão comum, com um modelo padrão de realidade e suas idéias formadas à frente de uma TV ou por trás de uma revista. EU preciso ir lá conferir, ver, sentir a vida, a natureza, preciso de uma explosão de magia, cor, sabor e melodia nos meus dias. 

"É a festa da vida em cores e intensidade dramática... Por aqui, vem chegando gente que transborda de si, que transborda o SI MESMO, um povo que vem mostrar ao mundo e a si mesmo o que é um EU que existe no mundo e se diferencia do coletivo, no sentido de ser e demonstrar a sua individualidade... Como dizia o leonino Carl Jung, um EU que se individualiza... O Homem que é o seu próprio Sol, homem e/ou mulher que se afirma no mundo, para testar o seu poder de intervenção e a sua força de irradiação do EU no mundo... Gente que vem para brilhar, e pelo brilho, re-conhecer quem É... Aqui o ser-humano É, e sendo quem é, e re-conhecendo que É, tem a consciência de SER, de ser único, diferenciado, criativo...  E de que isso nos torna a nós, seres humanos, os seres mais evoluídos e com a maior responsabilidade pelo nosso planeta..."

Não sei se é TPM, se é a lua ou a influência do Sol em leão, só sei que meu EU grita. Sou aquela que não quer chegar num tempo de ter que olhar para trás para poder lembrar o que é felicidade, de ter que viver de lembranças de um passado por não ter no presente um sentido e um bom sentimento. Eu sou aquela que vai de encontro ao destino, que abre o peito ao acaso e tateia o o caminho de pedras, separando uma por uma para não atrapalhar a minha passagem pela vida. Quero mudar o tempo não por ele estar ruim ou me trazendo infelicidade pois sou  feliz nesses meus dias, com minha filha, com meu companheiro, com minha família, amigos e sorrisos que os dias me trazem, abraços cativos que as horas me concedem nesse rumo que tenho tomado. Se quero mudar o tempo é porque ele precisa ser de fato mudado pelo sentido de renovação e recomeço, todos os dias. Agora eu vou alí, dar um beijo na testa de um anjo, enrolar uns docinhos, fazer alguns planos e começar uma nova história, porque "é preciso, mais que nunca, prosseguir".

Móbile de estrelas


Céu de Itabuna na noite do apagão (foto: Milena Palladino)


Retrato de uma noite perfeita: estava a olhar o céu, sentada na varanda com meu amor penteando meus cabelos. O céu resplandecia serenidade num sorriso singelo de Deus, com o silêncio quebrado apenas pelo som e sentido das poesias, pelo que restou da bateria do celular... Foi um instante de paz, amor e plenitude suspensos no ar, feito um móbile de estrelas!