Essas coisas da vida, assim sem mais... Recordando, rabiscando pensamentos, divulgando uma coisa ou outra, uma notícia qualquer. Divagando as chatices necessárias, falando besteira, rasgando seda, afogando tristezas, abanando brasa e falando de coisas alheias. Nos dias de tédio, uma página em branco. Dias de páginas em branco nem sempre é tédio. E, qual é o remédio? Ser aleatório e maciço, pois de gente quadrada e oca o mundo já está farto.











quarta-feira, 25 de maio de 2011

Céu de maio




Um risco de pólvora dá vida ao pavio da lembrança e na distância do que já vivi é que mora a memória.
Em mim mora o dom de ser menina, de ser criança, junto à cisma de não deixar ir embora o pretérito das minhas cantigas.
 A florida da estação me remete a outonos de outrora, tempos de ser protagonista de sonhos, narradora de emoções, dias em que reinava no mundo mágico.
Merecia até ser princesa ao fim da tarde, quando sentava sobre os joelhos para ver o sol, em despedida na moldura da janela.
No instante do agora é a aurora que me chama pelas frestas. Ainda protagonizo sonhos e narro emoções, continuo a transitar pelo mundo mágico do meu ser.
Quando em vez, espio pela janela. Não mais aquela, agora a do andar de cima. Espreito o céu de maio, crépúsculos e opúsculos, procuro os mesmos raios de sol. Procuro a mim e me acho.
Encontro em mim um espaço, o que era, o que sou.
Eis-me eu, difusa pelo vento.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Nó de eu"

Escrever é preciso, mas não é o meu ofício.
Por isso, as páginas em branco ao longo dos dias.
Por isso também que perco no quesito "talento",
que não impressiono tanto quanto gostaria.
É que tem dias em que eu só queria ser livre,
ainda que fosse de mim mesma.
Antes fosse apenas o céu de maio,
suas nuvens, pingos d'água, tons de cinza.
Tento ver o que vem além, mas quem volta
pela estrada nada me diz, e quem me acompanha
às vezes esquece o caminho ou, quem sabe,
ainda trilha por outros rumos.
Já não sou mais superfície: atirei-me nas águas do tempo
e repouso no fundo. No movimento das águas eu
vivo. Sou pedra, serei pó, por vezes só.
Por hora, um "nó de eu".
Eu queria saber o que nos espera, o que me reserva a próxima
estação. Um calor no coração? O vento de maio se faz
monção. Emoção era o que queria, mas hoje sou
apenas a saudade das folhas
que o outono tem
levado.