Essas coisas da vida, assim sem mais... Recordando, rabiscando pensamentos, divulgando uma coisa ou outra, uma notícia qualquer. Divagando as chatices necessárias, falando besteira, rasgando seda, afogando tristezas, abanando brasa e falando de coisas alheias. Nos dias de tédio, uma página em branco. Dias de páginas em branco nem sempre é tédio. E, qual é o remédio? Ser aleatório e maciço, pois de gente quadrada e oca o mundo já está farto.











quinta-feira, 31 de março de 2011

Olhos de cigana

Os dias vão e vêm pelas soleiras, transcorrendo os pórticos da vida     
[da lida, das idas e vindas].
Me atiro em um abraço, divago pelo braço de mar que me obriga a ser malina, menina mimada, morosa.
É quando caio na rasura das minhas águas, quando torno-me rio e dona das minhas pedras, dona de mim, dona do céu, dona da Terra.
Então, penso em voz baixa: amar é como a maré, água de rio que corre pro mar: é quando o amor flui em mim.
Mas, seria eu aquela mesma de ontem?
E seria o tempo apenas um fio branco?
Digo que serei apenas o olhar que sempre fui, ainda que o tempo tinja a minha cabeça.
Sou somente o que cabe em mim e serei criança se encontrar palhaços no meu circo.
Sou rio e preciso rir; brejeira, jocosa, sou  riso e  olhar dissimulado, vejo pelos olhos dos que não têm visão.
Oblíqua de mim, carrego a imensidão no olhar e gosto de ver as ondas quebrando: é quando o sereno do mar me invade a alma.
[estou a contemplá-lo daqui das pedras]

"mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me"


Pedra do Rio, nascente de flor

Seja sempre como for
Tudo nasce do infinito
Morar dentro de uma flor
Sempre foi o meu destino
Em cada sonho coube
Tudo que foi preciso
Sei que todas as cores
Cabem em todos os sorrisos
E se chover deixa molhar
Deixa pingar a liberdade
Me molha a alma em pensamento
Me faz brotar felicidade


Me chama para um mergulho que me faço novamente em pedra
[só para viver mais uma vez em suas águas].


terça-feira, 22 de março de 2011

POR ISSO EM TEU RETRATO




Há na poesia algo de sentimental, algo de vida
Mas há também o causal, o contemplativo e o
Gasto das coisas materiais
[Por isso em teu Retrato]


Todos veem e têm contigo a procura de namoros.
Garotos horríveis. Belas Garotas. Garotos.
E o amor deles a fez refém, ao portão da velha casa.

Aos que procuram calor de ti, verão que cortes à faca
Cortam com certo de certeza. Metal e incisão.
Aos que procuram calor, também verão de ti o encardido dos panos.
Nódoas negras. Partos de saudades.

O portão que guincha à noite pousa pra retrato em revista chique.
Guincha Frio, na quarta de carnaval. Seu níquel envelhecido. Teu rosto.
Na manhã fria, ninguém vem ter contigo, demais o calor .
Na manhã fria é só o silêncio de teu corpo em pouso pro retrato obliterante.
Só um retrato é nada mais.
[O poeta e poema que digam o demais]


Ivanzinho

21 de março e suas 9 luas

"Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza." (Neruda)

Se o meu amor é terra a tua
ausência é grama, minha saudade
reclama o seu cheiro de flor.
Fruta doce é o nosso amor, berço
de primavera, em manto de estrelas
e sol  no anil.
Canto a chuva pelos passos, alimento
do destino. Tenho fé no infinito, tempo
eterno e nossos laços.
Nove luas nasceram e se deitaram,
embarcaram na estação dos nossos dias.
[tu, eu e o amor que insiste em nós]

O tempo não passa, nós é quem passamos por ele. É bom quando o tempo nos mostra que os sentimenos também passeiam por suas avenidas, convidando-nos a dobrar suas esquinas. Não vou passando pelo tempo sozinha, vou de mãos dadas com o Amor, feliz pelos 9 ciclos de Lua presentes em nós.