[da lida, das idas e vindas].
Me atiro em um abraço, divago pelo braço de mar que me obriga a ser malina, menina mimada, morosa.
É quando caio na rasura das minhas águas, quando torno-me rio e dona das minhas pedras, dona de mim, dona do céu, dona da Terra.
Então, penso em voz baixa: amar é como a maré, água de rio que corre pro mar: é quando o amor flui em mim.
Mas, seria eu aquela mesma de ontem?
E seria o tempo apenas um fio branco?
Digo que serei apenas o olhar que sempre fui, ainda que o tempo tinja a minha cabeça.
Sou somente o que cabe em mim e serei criança se encontrar palhaços no meu circo.
Sou rio e preciso rir; brejeira, jocosa, sou riso e olhar dissimulado, vejo pelos olhos dos que não têm visão.
Oblíqua de mim, carrego a imensidão no olhar e gosto de ver as ondas quebrando: é quando o sereno do mar me invade a alma.
[estou a contemplá-lo daqui das pedras]
"mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me" |