Essas coisas da vida, assim sem mais... Recordando, rabiscando pensamentos, divulgando uma coisa ou outra, uma notícia qualquer. Divagando as chatices necessárias, falando besteira, rasgando seda, afogando tristezas, abanando brasa e falando de coisas alheias. Nos dias de tédio, uma página em branco. Dias de páginas em branco nem sempre é tédio. E, qual é o remédio? Ser aleatório e maciço, pois de gente quadrada e oca o mundo já está farto.











quinta-feira, 23 de junho de 2011

Memórias de fogueiras e bandeirolas


"Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
- Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
- Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente."

(Profundamente, Manoel Bandeira) 



Onde estão as noites de São João?
Onde ficaram guardados os trajes de chita, os chapéus de palha,
as fitas coloridas?
Corações de crepom, bandeirolas ao vento,
a saudade mora nas fagulhas que rumam ao céu.
Doravante, será o "cordel dos esquecidos", no "arraiá dos deletados".
Sem eira nem beira, as memórias de fogueiras queimam solitárias,
acesas nos quintais da lembrança.
A ciranda das crianças dorme cedo, e virou tudo do avesso:
caipira agora é country; nem bombinha, nem traque, pois a pólvora já "bufou".
Feliz daquele que escutou o som de uma sanfona nesse São João.
Glória ao homem Santo que vive em meu coração,
profundamente...

                              


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