Essas coisas da vida, assim sem mais... Recordando, rabiscando pensamentos, divulgando uma coisa ou outra, uma notícia qualquer. Divagando as chatices necessárias, falando besteira, rasgando seda, afogando tristezas, abanando brasa e falando de coisas alheias. Nos dias de tédio, uma página em branco. Dias de páginas em branco nem sempre é tédio. E, qual é o remédio? Ser aleatório e maciço, pois de gente quadrada e oca o mundo já está farto.











sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Nó de eu"

Escrever é preciso, mas não é o meu ofício.
Por isso, as páginas em branco ao longo dos dias.
Por isso também que perco no quesito "talento",
que não impressiono tanto quanto gostaria.
É que tem dias em que eu só queria ser livre,
ainda que fosse de mim mesma.
Antes fosse apenas o céu de maio,
suas nuvens, pingos d'água, tons de cinza.
Tento ver o que vem além, mas quem volta
pela estrada nada me diz, e quem me acompanha
às vezes esquece o caminho ou, quem sabe,
ainda trilha por outros rumos.
Já não sou mais superfície: atirei-me nas águas do tempo
e repouso no fundo. No movimento das águas eu
vivo. Sou pedra, serei pó, por vezes só.
Por hora, um "nó de eu".
Eu queria saber o que nos espera, o que me reserva a próxima
estação. Um calor no coração? O vento de maio se faz
monção. Emoção era o que queria, mas hoje sou
apenas a saudade das folhas
que o outono tem
levado.

6 comentários:

  1. Escrever o que não acontece é tarefa da poesia.
    Parece que você guarda nas palavras os seus desconcertos, e sustenta com palavras o silêncio do abandono de um passado e a esperança de um futuro com perfume de Sol.

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  2. Mesmo que você diga que não impressiona tanto quanto gostaria, estou eu aqui impressionado. Bem legal o seu espaço.

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  3. Nessa vida maneira, nem tudo que é leve não tem peso.
    O indizível da carga, digo com palavras - Como dói meu coração de ferro!
    nessa vida quero sentir a dor da mordida
    [e o peso da lágrima]

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  4. É o Sol quem clareia os dias que se foram, dias que são, dias que virão.
    A primeira impressão fica, mas para impressionar não basta estar apenas no primeiro, mas em todos os lugares, principalmente no que se refere à cor e ação. Da rocha se extrai o minério, mistério que em mim mora: meu coração de pedra abriga um de ferro, e em minha memória vive com seu peso e seu valor.
    Se em dias choro o peso da lágrima, em outros mordo a dor de ser eu.
    Quem criou a minha dor?
    E quem pode salvá-la?
    É a pergunta que não quer calar,
    mas que muitas vezes me cala.

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  5. O tempo te fez mudar seus planos e o seu caminho, mas vejo que continua a ser aquela mesma menininha, arrastando as sandálias de couro pelas ruas e com a cabeça cheia de questionamentos. Você cresceu muito minha cara amiga mas graças a deus que não perdeu a sua essencia. Voce é crescente, como o quarto de lua que tanto admira!

    Do amigo Peter Pan, daqui da terra do nunca!

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  6. Itaciara, talento tem sim. E os ventos de maio trazem inspiração...

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