Essas coisas da vida, assim sem mais... Recordando, rabiscando pensamentos, divulgando uma coisa ou outra, uma notícia qualquer. Divagando as chatices necessárias, falando besteira, rasgando seda, afogando tristezas, abanando brasa e falando de coisas alheias. Nos dias de tédio, uma página em branco. Dias de páginas em branco nem sempre é tédio. E, qual é o remédio? Ser aleatório e maciço, pois de gente quadrada e oca o mundo já está farto.











sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Noticiário Particular

Ontem eu tive um sonho que de sono nada teve. Parecia uma velha gazeta, seus informes e notícias. Pois sim! Tinha ele vida própria, tinha em si o termômetro do tempo. Era dia amanhecendo com sabor de relembrança, com suas esquinas longas e avenidas de horas, ovento tecia com lã o manto da vida. Tinha riso de criança, céu de cor laranja, banda musical. Tinha sabor de erva-cidreira, casca de velha goiabeira e cor de pitanga, como era bom o terreno do meu quintal! Tinha cheiro de livro velho, de poeira, quinquilharias, cheirava também a saudade, saudade e mais saudade... Foram os dias de meninice, brincadeiras, calos, quedas, rezas, febres, calundús [e a infância que insiste em mim]. Teve coisas do presente: rosa que tem espinho, cardo que traz perfume, batuque acelerado, coração descompassado, mil anos em um segundo. Tristezinhas passageiras, corriqueiras, comuns, deletérias, [já passou]. São alegrias que florescem, rabotam, salteiam-me e frio na barriga. Milagres, assombros, pedra, pau, começo de caminho e tronco inteiro. É vida que depende de mim, sou eu dependente da vida, é bela videira e suas uvas frescas, frescor de manhã serena. Amores, amigos, avisos, estrada, volta pra casa e despedidas. É sentir frio no verão, calor no inverno, amor eterno e “ficar de bem”. Era ali o futuro, o tempo a pairar no ar, a sustentar os meus passos típicos de quem andou a bordejar [e agora está de pé]. Em cada pegada caiu uma semente de memória, foi brotando então o meu caminho, história da minha vida. Tinha tudo do passado: risos, lágrimas, sentimentos. Faz-se aqui o presente: luta, planos, surpresas do destino. Adiante, o futuro: fé, esperança, conquistas. E então eu vi que não era sonho, estava de olhos abertos a ver passar o meu mundaréu, a minha canção de viver. São as minhas 28 voltas, meus riscos de compasso, girando, vivendo, deixando o meu rastro pelo mundo.


O meu dia é também de quem quer que queira, e que seja um dia bom.
Marca o meu início, no agora, no instante da eternidade em que me encontro.

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